domingo, 22 de agosto de 2010
Abel - Luiz Felipe Pondé
"A origem" - Contardo Calligaris
Duas evas - Luiz Felipe Pondé
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Castigos físicos - Contardo Calligaris
A gula republicana - Luiz Felipe Pondé
terça-feira, 27 de julho de 2010
Do ponto de vista da pedra - Luiz Felipe Pondé
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Divórcios contagiosos - Contardo Calligaris
Beleza espanhola - Luiz Felipe Pondé
Dois jeitos de viajar - Contardo Calligaris
100% - Luiz Felipe Pondé
terça-feira, 13 de julho de 2010
Preços e valores - Contardo Calligaris
A viúva e o cowboy - Luiz Felipe Pondé
quinta-feira, 1 de julho de 2010
"Toy Story" - Contardo Calligaris
segunda-feira, 28 de junho de 2010
A medicina de Tchekhov - Luiz Felipe Pondé
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Torcer ou pensar, eis a questão - Contardo Calligaris
Pela minha história, sinto-me parte de várias nações e, na Copa do Mundo, torço por todas elas. Quando se enfrentam duas seleções com as quais me identifico, sou privilegiado: seja qual for o desfecho, um de meus times preferidos ganhará.
Embora tenha uma verdadeira repugnância por qualquer forma de nacionalismo, a torcida da Copa do mundo é a única à qual consigo me juntar. É porque, na Copa, os torcedores vibram, festejam ou se desesperam sem transformar os adversários em objetos de ódio e desprezo.
Exemplo. No jogo de domingo entre Brasil e Costa do Marfim, o time africano pegou pesado, a ponto de me inspirar uma certa antipatia. Também, por ufanismo continental, o público sul-africano torceu pela Costa do Marfim e aplaudiu a expulsão de Kaká, cuja única culpa foi de se irritar e manifestar sua irritação.
Pois bem, ninguém, nem o exuberante pessoal na sacada do prédio em frente do meu, gritou impropérios contra o time da Costa do Marfim e ainda menos contra seu povo. Tampouco ouvi insultos contra o público sul-africano.
Na hora da expulsão de Kaká, ecoou, isso sim, um único berro que expressava uma forte dúvida sobre a honra e o recato da mãe do árbitro. Mas aí, também, ninguém é de ferro (estou brincando).
Por que é possível torcer na Copa do Mundo sem ser devorado pela irracionalidade que afeta as torcidas organizadas de nossos clubes?
A Copa acontece só a cada quatro anos, ou seja, as rivalidades são esporádicas, não se cristalizam. Além disso, os adversários da Copa são variados, distantes e diferentes de nós, enquanto, em geral, os humanos gostam de odiar seus vizinhos.
Justamente, quando existe uma rivalidade estabelecida entre duas seleções nacionais, é entre países próximos, com similitude de destino, como Brasil e Argentina.
Mas mesmo esse tipo de rivalidade "tradicional" não se compara com o ódio que opõe as torcidas de clubes da mesma cidade e do mesmo Estado. Essas torcidas são vítimas dos piores efeitos do grupo sobre o pensamento e os critérios morais do indivíduo.
O que é efeito de grupo? Exemplo: UM jovem playboy entediado não colocaria fogo num índio que dorme num abrigo de ônibus. QUATRO playboys entediados são capazes disso; é possível, aliás, que os quatro se reúnam justamente para, juntos, autorizar-se a fazer algo que, separados, eles nunca fariam.
Vamos agora a um jogo entre São Paulo e Corinthians (ou qualquer dupla de rivais da mesma cidade).
O torcedor corintiano, que está do meu lado, bem antes que a bola role, já roga pragas à torcida do São Paulo, que são "a bicharada" ou "os bambis". Nosso corintiano, uma vez extraído de sua torcida, não imagina, obviamente, que todos os são-paulinos, jogadores e torcedores, sejam "viados".
Tem mais: na grande maioria dos casos, na sua vida "real", fora do estádio, ele tampouco pensa que a opção sexual de alguém possa servir de insulto, ou seja, ele não acredita que os são-paulinos sejam bichas e não acredita que "bicha" seja um insulto.
Meu amigo torcedor, aliás, poderia ser ele mesmo homossexual; tanto faz, não por isso ele deixaria de gritar "bicha-raaaada". O mesmo vale para um são-paulino e seus gritos contra a torcida corintiana.
Resumindo, por fazer parte da torcida e para se integrar nela, o torcedor diz ou grita algo que não tem nada a ver com o que ele pensa quando pensa sozinho (que, cá entre nós, é o único jeito de pensar).
Por isso, só consigo torcer na Copa, e para quatro nações. Isso sem contar os times pelos quais me apaixono "só" porque jogam bem.

Começo hoje meu Twitter: ccalligaris, com o "s" final que falta no meu e-mail, www.twitter.com/ccalligaris. Postarei minirelatos de eventos do cotidiano, reflexões (minhas ou lidas, ouvidas e citadas), fotografias, indicações de filmes, peças, livros, exposições (e, por que não, restaurantes, pratos e vinhos). Haverá avisos de atividades (palestras etc.) e crônicas de minhas viagens.
Em outras palavras, será um microdiário -com um pouco de sorte, um novo estilo; de qualquer forma, uma nova experiência. Como se diz, todos estão convidados.
terça-feira, 22 de junho de 2010
Quem gosta das putas? - Luiz Felipe Pondé
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Os adolescentes que merecemos - Contardo Calligaris
segunda-feira, 14 de junho de 2010
As moscas livres - Luiz Felipe Pondé
SOU UM HEREGE: acredito mais em horóscopo do que nessa "ciência da sustentabilidade".
Duvido desse personagem, "o ativista", que mais parece uma mosca que voa sobre o desespero alheio. Confio na Cruz Vermelha, nos Médicos sem Fronteira, mas desconfio desse personagem.
Pergunto de onde vem essa grana toda. Hoje em dia ser ativista pode ser uma boa pedida para quem gosta de conhecer o mundo e aparecer na mídia como bonzinho.
Afinal, quem pagou a conta daquela "flotilha da liberdade" (que brincou com o estado de guerra continuo que o Oriente Médio vive há uns três mil anos)? Santa Klaus?
Imagina só que legal para o book de um ativista poder dizer "I was there"... Tem ativista que vai viver uns vinte anos por conta daquela viagem "humanitária". Vai acabar pousando em campanha publicitária por aí.
Voltando a sustentabilidade. Claro que devemos cuidar da natureza. Uma coisa é impedir que uma fábrica jogue lixo no mar, outra coisa é calcular quanto uma pessoa polui o mundo em seu cotidiano e gerar impostos, leis, moral e espiritualidade em cima disso.
Quando se delira com demônios, o ridículo é visível. Mas quando o delírio vem regado a cálculos "científicos", se torna invisível. A modernidade tem um fetiche pelo controle cientifico da vida, não resiste ao gozo da opressão em nome da ciência.
Como alguém pode conceber uma "ciência da sustentabilidade" sem a paranoia de uma gigantesca burocracia de controle dos detalhes da vida?
Controlar desmatamento é uma coisa, mas calcular gases emitidos por vacas ou número de voos individuais ou sapatos "não sustentáveis" é loucura. O ordenamento sustentável da vida se tornará um tipo de totalitarismo sem precedentes.
E aí chegamos à assustadora alma fascista da cultura verde. Cuidado com o que come, onde anda, como vai ao trabalho, como faz sexo. Não viaje de avião, não coma picanha, não enterre ou queime cadáveres. Não use sapatos, não use casacos (vistam-se com folhas de parreira, talvez?).
Como toda forma de fascismo, sempre se trata, ao final, de uma forma de ódio aos humanos reais, no caso, em nome do amor às lesmas.
Ninguém percebe a marca fascista da "ciência da sustentabilidade"? Sistemas totalitários não precisam ser sistemas centralizados, como no modelo do fascismo histórico. Nem tampouco o que importa é o "conteúdo ideológico", mas sim a forma de controle cotidiano de hábitos considerados "poluidores da pureza" desejada.
Basta somar "dados científicos" à máquina gestora do estado e do mercado constrangendo o comportamento com leis, impostos e produtos. E, finalmente, somemos os "Kommandos" (os ativistas) que denunciarão os "poluidores" à gestão da pureza.
Aliás, um parêntesis: os nazistas devem estar festejando a proposta de alguns ativistas antissemitas (sim, eu disse "antissemita", só tolinhos creem na diferença entre antissemita e antissionista) de boicotar a "cultura israelense". Sei que vão dizer que "cultura israelense" não é a mesma coisa que "cultura judaica", mas só os mesmos tolinhos creem nesta diferença.
Os "não sustentáveis" serão a bola da vez. Temo que um dia esses fascistas verdes chegarão a conclusão que (como diz um amigo meu bem esquisito) o canibalismo é a forma mais sustentável de viver.
Afinal de contas, qualquer coisa que comamos, estaremos ferindo criaturas com "direitos". Provavelmente advogados verdes defenderão as vacas contra a opressão que sofrem dos carnívoros. Em seguida, será a vez das alfaces terem direitos.
O canibalismo verde pode ser a solução: a pior espécie (os humanos) que já pisou no planeta comerá a si mesma, num ritual macabro de autopurificação em nome da sustentabilidade total.
Por último, tenho uma confissão a fazer. No último final de semana cometi um ato desesperado contra o fascismo verde. Foi apenas um pequeno ato singelo que desaparecerá no oceano dos dias por vir. Queimei com meu charuto uma maldita mosca que voava sobre mim. Minha culpa, minha máxima culpa... Será que já existe alguma ONG denominada "Free Flies" (Moscas Livres)?